O Espaço e o Tempo

A questão do espaço e do tempo sempre nos intrigou, e apesar de todos os avanços da ciência nas suas tentativas de explicar, e do desenvolvimento intelectual do ser humano, ainda é uma questão que escapa à nossa compreensão e todas as explicações são apenas teorias.

Nós não conseguimos experimentar o “atemporal”; somos regidos pelos movimentos que criam o espaço e o tempo “lerdamente”.

Estamos presos na matéria, e a matéria limita nossas percepções aos cinco sentidos físicos, mais um sexto sentido que está em desenvolvimento, a intuição; por meio dela podemos experimentar lampejos fugazes de experiências fora do espaço-tempo. Outra maneira são os sonhos, que ocorrem na dimensão além do espaço e do tempo, mas, quando acordamos e tentamos entender como isso é possível fracassamos devido às nossas limitações intelectuais.

Corroborando com essa questão, trago um texto de Emmanuel Swedenborg (1688 – 1772) para nossas reflexões:

“Há duas coisas que, enquanto o homem vive neste mundo, parecem essenciais, porque são próprias da natureza, a saber, o espaço e o tempo. Segue-se que viver no espaço e no tempo é viver no mundo ou na natureza; mas estas duas coisas tornam-se nulas na outra vida.

Todavia, no mundo dos Espíritos, elas se apresentam como alguma coisa, porque os Espíritos recém-saídos do corpo levam a ideia do que é natural, mas sempre acontece que eles logo percebem que não há espaço nem tempo, mas eles são substituídos por estados, de modo que ao espaço e ao tempo na natureza correspondem estados na outra vida; espaço, a um estado quanto ao ser e, ao tempo, um estado quanto ao existir.

Em função disto, todo mundo pode perceber claramente qual a ideia que o homem, enquanto está no mundo e na natureza, pode ter das coisas da outra vida e de vários arcanos da crença, sobretudo quando não quer acreditar nisso antes que o aprenda pelas coisas que estão no mundo e mesmo pelo sensorial. Pois o homem não pode deixar de pensar que, se rejeitasse a ideia do espaço e do tempo e, com mais razão, se rejeitasse o próprio espeço e o próprio tempo, tornar-se-ia absolutamente nulo e assim não restaria nele coisa alguma através da qual pudesse sentir e pensar, a menos que fosse alguma coisa confusa de que é impossível formarmos alguma ideia.

No entanto, dá-se absolutamente o contrário – a vida angelical, que de todas é a mais sábia e a mais feliz, é assim; eis porque, no sentido interno da Palavra, as eras são significam eras, e sim estados”.