É importante destacar que este artigo não tem a intenção de ser um estudo científico ou psicológico, nem pretende abordar de forma exaustiva ou definitiva o tema proposto para esta fase da jornada. Seu propósito é servir como um guia para orientar o conteúdo que será desenvolvido durante o encontro ao vivo da sexta edição da jornada online, em 2024.
Na esteira da esperança, o ser humano rola como uma pedra, levado pela correnteza da vida, sem saber ao certo seu destino, agarrando-se à expectativa de uma salvação. No entanto, a esperança que carece de amor, perdão, trabalho e fé não passa de uma ilusão. Quando se diz que a esperança é a última que morre, compreende-se que ela deve ser a última a nascer, sobre o terreno preparado pela fé – fruto do trabalho de renovação interior, no amor e no perdão.
O verdadeiro sentido da esperança está na espera confiante pelo resultado da ação, após termos realizado o que nos compete. Nesse sentido, observamos que a esperança assume uma conotação mística, ligada à fé ativa no amor, no perdão e no trabalho, sendo justo esperar que o Universo corresponda ao nosso esforço criativo. Essa esperança, no entanto, assim como a fé, deve ser uma espera ativa e desprovida de ansiedade.
Na Estação 18 da Jornada de Autoconhecimento pelos Caminhos do Tarô, prosseguimos com os estudos e reflexões sobre os Arcanos Maiores, interpretados como um roteiro para a regeneração da consciência, que se encontra decaída e aprisionada na matéria. Nesta etapa, abordamos o Arcano 17, tradicionalmente representado como “A Estrela”, o qual simboliza um novo alento na jornada humana pelo mundo. Essa fase crucial, que representa o trabalho efetivo de regeneração da consciência ao longo da jornada, abrange os seguintes Arcanos: A Força Interior (11), A Resignação (12), A Imortalidade (13), A Integração (14), A Paixão (15), A Desilusão (16), A Esperança (17), O Crepúsculo (18) e A Completude (19).
O Arcano 17 é tradicionalmente denominado “A Estrela”. Em nossos estudos e reflexões “Pelos Caminhos do Tarô“, optamos por nomeá-lo “A Esperança”. Ele simboliza o momento em que surge um guia, um mestre ou um sinal, como uma estrela no caminho espiritual.
A Estrela, no Tarô, simboliza um guia no caminho do autoconhecimento, apontando para o horizonte da iluminação da consciência. Indica que a iluminação acontece quando os dois polos se unem – o espiritual ao material. Esse equilíbrio é essencial para uma regeneração completa da consciência. Já vimos, nos Arcanos anteriores, a necessidade de harmonizar nossas três naturezas e despertar nossa força interior no Arcano 11; a resignação e a oferta dos melhores dons à Terra, estando espiritualmente ancorado, no Arcano 12; o renascimento pela transformação interior e a imortalidade no Arcano 13; a integração por meio da moderação da temperança no Arcano 14; e, especialmente no Arcano 15 e no Arcano 16, quais são os riscos no caminho espiritual – as paixões e as ilusões.
A esperança sólida e verdadeira se alicerça no terreno da realidade aceita e encarada pela verdade, livre das máscaras das ilusões e de nossas interpretações fantasiosas. A esperança é uma espera paciente, não passiva, mas ativa. É como desvestir o ego de suas ambições mesquinhas e do egocentrismo, expondo-se diante da vida com amor e fé. O caminho espiritual é repleto de desafios, com momentos de ascensão e queda. A esperança surge como um sopro renovador, fruto da fé no trabalho e no perdão, e se manifesta como um amor ativo que purifica e conduz à plenitude incondicional. No entanto, a esperança verdadeira não pode brotar da passividade; ela deve ser construída a partir de ações conscientes e de uma entrega genuína ao processo de transformação interior.
O momento atual exige que nos libertemos das velhas crenças e das ideologias que nos escravizam, elevando a consciência a um novo patamar. Isso pressupõe que tenhamos vencido a luta interna, e que os vícios e condicionamentos tenham dado espaço a uma nova consciência. A “Esperança”, que surge após a “Desilusão”, abre uma nova perspectiva no caminho espiritual, promovendo um alinhamento entre a mente material e a espiritual. A racionalidade do ego, então, cede espaço à intuição, e a mente material passa a colaborar com a mente espiritual.
Somente aquele que se eleva pode contemplar toda a paisagem. A Estrela nos convida não apenas a olhar para o Céu, mas também a nos elevar para contemplar e compreender aquilo que está além de nossas crenças. Quem permanece no nível da planície não consegue ter uma visão completa de sua extensão, e a primeira colina já é suficiente para limitar seu alcance. No entanto, o que se percebe é que são justamente aqueles de visão limitada os mais presos aos limites de suas crenças. São eles que mais contestam a verdade, que se julgam donos do mundo e que se deixam dominar pela arrogância e pela soberba. Filhos da ignorância, recusam-se a buscar a sabedoria, apegando-se a ideias e conceitos preestabelecidos pelo senso comum ou fabricados em círculos de um intelectualismo vazio de sentimento e amor.
O autoconhecimento é, por si só, um trabalho árduo e contínuo, repleto de contradições, dúvidas e incertezas. No entanto, ele traz consigo belezas incomparáveis, que superam tudo o que já conhecemos sobre nós mesmos, sobre a vida e sobre o mundo. O Arcano nos encoraja a confiar em nossa intuição e a acreditar que, mesmo nos momentos mais sombrios, há uma luz interior que nos guia. Ele nos ensina que, mesmo após crises ou destruições, sempre existe a possibilidade de reconstrução e crescimento. A regeneração, porém, é um processo gradual, que exige paciência, dedicação e uma disciplina fiel ao mestre interior. Assim como as estrelas brilham no céu, nossa luz interior também precisa de tempo para se revelar em sua plenitude. Precisamos enxergar com clareza nossos objetivos e encontrar um sentido mais profundo para nossa existência. A Estrela é um símbolo poderoso de esperança, autoconhecimento e regeneração.
No contexto deste Arcano, cabe refletir sobre cinco princípios que servem como um modelo a ser seguido em momentos de dúvidas e incertezas na vida – ama, perdoa, trabalha, confia e espera!
Em primeiro lugar, o amor. Com amor, é possível perdoar e libertar-se da prisão do mal. O perdão é o amor em seu nível mais elevado. O trabalho é uma lei da evolução e refere-se a toda ação que resulte em progresso material, cultural e espiritual – não apenas à atividade profissional. A confiança é a fé. Se a tiveres, espera e obterás. Por fim, a esperança. Veja bem: ela deve ser a última. Antes, é preciso amar, perdoar, trabalhar e confiar (ter fé). Se a esperança surge antes dessa ordem, ela será apenas uma expectativa e, fatalmente, levará à frustração.
A jornada de autoconhecimento Pelos Caminhos do Tarô, especialmente através do Arcano 17, “A Esperança”, nos convida a uma transformação profunda e consciente. A esperança verdadeira não é passiva, mas ativa, alicerçada no amor, no perdão, no trabalho e na fé. Ela surge como um farol após “A Desilusão”, guiando-nos para um alinhamento entre o material e o espiritual, onde a intuição supera a racionalidade do ego. Este processo exige paciência, dedicação e uma entrega sincera ao mestre interior, pois, assim como as estrelas brilham no céu, nossa luz interior também precisa de tempo para se revelar em sua plenitude. A Estrela nos lembra que, mesmo nos momentos mais sombrios, há uma força regeneradora que nos impulsiona a seguir adiante, elevando nossa consciência e nos libertando das amarras das velhas crenças. Que possamos, então, amar, perdoar, trabalhar, confiar e, por fim, esperar com fé ativa, construindo um caminho espiritual sólido e repleto de significado.