É importante destacar que este artigo não tem a intenção de ser um estudo científico ou psicológico, nem pretende abordar de forma exaustiva ou definitiva o tema proposto para esta fase da jornada. Seu propósito é servir como um guia para orientar o conteúdo que será desenvolvido durante o encontro ao vivo da sexta edição da jornada online, em 2024.
Todos almejam a paz. Mas o que é a paz, senão aquele estado de equilíbrio e serenidade em que a ansiedade é dominada e as limitações de tempo e espaço deixam de aprisionar a percepção humana? A verdadeira paz não é meramente a ausência de conflitos externos, mas sim um estado interno de harmonia, onde o pensamento e o sentimento se encontram em sintonia.
Para alcançar essa paz, é necessário ter momentos de recolhimento nos quais permitimos que nossa essência emerja e possamos nos ver como realmente somos. Esses momentos devem ser continuamente cultivados como um estado fundamental de consciência; uma nova consciência livre de perturbações e oscilações entre passado e futuro, que é presença e paz – algo quase impossível considerando nosso modo de viver.
Porém, se não é possível permanecer nesse estado de plenitude da consciência em paz, ao menos é viável lidar com as preocupações da vida sem se deixar esmagar pelas pressões externas. Paz que só existe na vida interior, na consciência que se alinha com a essência espiritual e sustenta a harmonia do ser. Este é o caminho da salvação prometida, a própria interiorização ao “reino de Deus” que está dentro de nós, como foi indicado pelo Mestre Jesus. Há um roteiro traçado para se alcançar esse reino pelos Arcanos Maiores do Tarô. Basta que os estudemos sem os preconceitos formados pelos dogmas religiosos e nos permitamos receber o que está destinado a nós. O Tarô não é um simples jogo de cartas para especulação do futuro, bisbilhotagem do passado ou mesmo para uma iniciação superficial no autoconhecimento – ele é um roteiro destinado ao plano da nossa evolução espiritual.
Mas essa paz tão almejada depende do equilíbrio entre nossos três centros de força interiores, ou as três naturezas conforme já abordamos em nossos encontros e no artigo Auto-observação Para Autoconhecimento, gerando a harmonia plena do ser.
Para nossos estudos, classificamos os três centros principais e os relacionamos às três naturezas – o centro do movimento com a natureza animal, o centro do sentimento com a natureza humana e o centro do pensamento e da inteligência com a natureza espiritual. Portanto, nosso entendimento nos leva a considerar que o ser humano é composto por essas três naturezas e que, em cada uma delas, situa-se um de seus núcleos de consciência. Embora essa classificação possa diferir de outros entendimentos, ela facilita nossa compreensão e nos proporciona melhores condições para o nosso entendimento sobre como funciona nosso mecanismo de expressão por meio de pensamentos, atitudes e comportamentos. Somos um único ser composto por essas três naturezas integradas, que também representam nosso passado, presente e futuro.
No contexto de nossos estudos e reflexões sobre autoconhecimento, enquadramos essas três naturezas de nossa constituição como fases do tempo em nossa evolução. A natureza animal representa nosso passado; a natureza humana, o presente; e a natureza espiritual representa o futuro, no sentido de nossa meta evolutiva, que é nos tornarmos puros e livres da materialidade como a concebemos. Esse futuro é desconhecido, e dele temos apenas indicativos recebidos pelos ensinamentos espirituais legados pelos sábios e mestres da humanidade. Viemos do passado animal, estamos vivendo o presente humano e aspiramos ao futuro espiritual como espíritos puros. Embora o futuro seja nossa meta evolutiva, ele ainda é um caminho a ser percorrido. Nosso momento atual é a condição humana, que ainda requer elevação para atingir um grau mais puro de humanização.
Na Estação 12 da Jornada de Autoconhecimento Pelos Caminhos do Tarô, iniciamos uma nova etapa de estudos e reflexões sobre os Arcanos Maiores como roteiro para a regeneração da consciência decaída e aprisionada na matéria. Essa fase crucial da jornada compreende os Arcanos: A Força Interior (11), A Resignação (12), A Imortalidade (13), A Integração (14), A Paixão (15), A Desilusão (16), A Esperança (17), O Crepúsculo (18) e A Completude (19). Essa etapa marca um momento significativo na jornada, pois simboliza o início dos trabalhos efetivos de regeneração da consciência, promovendo uma transformação interior profunda. O ponto de partida é o Arcano 11, A Força Interior, que representa o equilíbrio essencial para alcançar a harmonia do ser e a paz resultante. Este Arcano nos convida a integrar nossas forças instintivas e emocionais com a inteligência e a razão, estabelecendo uma base sólida para o processo de autotransformação e crescimento espiritual.
Compreendemos agora que essa força interior resulta da harmonia gerada pelo domínio da inteligência sobre o instinto; que o amor é uma força que move a vontade. Essa força não possui as propriedades físicas que conhecemos, mas trata-se de uma força originada da harmonia criada pela pacificação das lutas internas, emergindo da integração de nossos três centros de energia ou três naturezas. É o equilíbrio que se estabelece quando a inteligência educa o instinto pelo amor, amadurecendo a emocionalidade na compaixão, tanto por si mesmo quanto pelos outros. Representa o ser humanizado.
Em síntese, a paz que almejamos não é um objetivo distante, mas uma jornada interior que exige autoconhecimento, equilíbrio e a integração de nossas três naturezas – animal, humana e espiritual. Ela é alcançada por meio do despertar da força interior, representada pelo Arcano 11, que nos guia na harmonização do ser e no amadurecimento da inteligência aliada ao amor e à compaixão. Esse processo, iluminado pelos Arcanos Maiores, nos conduz ao alinhamento com nossa essência espiritual e à superação das limitações impostas pela materialidade. Assim, seguimos no caminho da regeneração da consciência e da realização de nosso propósito maior – tornar-nos seres humanos plenamente humanizados e alcançar nossa plenitude espiritual.