A Imortalidade na Jornada de Autoconhecimento Pelos Caminhos do Tarô

É importante destacar que este artigo não tem a intenção de ser um estudo científico ou psicológico, nem pretende abordar de forma exaustiva ou definitiva o tema proposto para esta fase da jornada. Seu propósito é servir como um guia para orientar o conteúdo que será desenvolvido durante o encontro ao vivo da sexta edição da jornada online, em 2024.

Na candeia de luz do espírito, a alma se manifesta como um campo de consciência e inteligência, delineando caminhos de evolução para toda criatura em desenvolvimento no Universo. Plantando e colhendo os frutos de suas próprias sementes, cada indivíduo escolhe a forma de percorrer o caminho que o destino lhe traçou. Vida e morte são as duas faces da mesma existência, em momentos distintos de aprendizados e evolução.

Nossos estudos e reflexões agora nos conduzem a um arcano cujo nome popular provoca receio em muitos que temem a morte – o Arcano 13, A Morte. Nele encontramos a simbologia da imortalidade e do amor. Seu número representa, em hebraico, a palavra “ahava” (אהבה) – cuja soma das letras é 13 (ה=5, ב=2, ה=5, א=1) – (Alef – Hei – Vet – Ei). “Ahava”, traduzida para nossa língua, essa palavra significa AMOR!

As superstições são filhas da ignorância, forjando interpretações equivocadas sobre aquilo que ainda não compreendemos. Por essa razão, este arcano tornou-se uma fonte de temor para aqueles que caminham na escuridão da ignorância, quando, na verdade, é um dos mais belos arcanos, simbolizando o renascimento da consciência na imortalidade do Espírito. Seu significado revela que a vida transcende todos os limites que conhecemos, mostrando que devemos transcender o ego, a personalidade e o materialismo se desejarmos nos integrar à cosmologia da existência infinita.

Na Estação 14 da Jornada de Autoconhecimento pelos Caminhos do Tarô, aprofundamos os estudos e reflexões sobre os Arcanos Maiores, interpretados como um roteiro para a regeneração da consciência, que se encontra decaída e aprisionada na matéria. Nesta etapa, abordamos o Arcano 13, tradicionalmente representado pelo arquétipo da “Morte”, mas que preferimos denominar “A Imortalidade”, refletindo a transformação e a continuidade da existência além da forma física. Essa fase crucial, que simboliza o trabalho efetivo de regeneração da consciência ao longo da jornada, abrange os seguintes Arcanos: A Força Interior (11), A Resignação (12), A Imortalidade (13), A Integração (14), A Paixão (15), A Desilusão (16), A Esperança (17), O Crepúsculo (18) e A Completude (19).

Mas o que significa, afinal, a imortalidade? Talvez seja simplesmente algo que transcende as limitações de nossas percepções sobre espaço e tempo, sobre a parte da realidade que conhecemos. Ou talvez seja algo ainda mais simples – aquilo que não morre. No entanto, se há algo que não morre, isso implica que também existe algo que morre. E assim nos deparamos com outra questão – qual é o significado da morte no Arcano 13? A resposta é que a morte nada mais é que uma mudança de forma na manifestação da vida. Uma transformação! A vida segue seu curso, manifestando-se em outras formas, em outros planos ou dimensões, e a vida retorna em novos corpos, outras formas, no mesmo plano de nossa experiência material.

Nada muda quando tudo muda. Essa frase pode soar enigmática, mas encerra, em sua simplicidade, toda a clareza do mistério da vida – o que muda é somente a forma. A vida se perpetua nas contínuas transformações de suas manifestações, que são as partes visíveis para nós. É por isso que, muitas vezes, pensamos que a vida termina com a morte.

A morte é uma porta de passagem da vida que se perpetua na imortalidade, assim como o nascimento é outra porta. Quando o ser humano se prende à matéria e acredita que nela encontrará as soluções para seus dilemas existenciais, a morte se transforma em um monstro assustador, um ceifador de vidas. Esses equívocos são perpetuados por interpretações distorcidas sobre os Arcanos do Tarô, especialmente o Arcano 13, que deixam rastros de temores e especulações sobre o passado e o futuro, sobre sorte ou azar, em uma prática ainda primitiva do jogo de cartas. No entanto, o Tarô é muito mais do que um simples jogo de cartas. Ele representa um roteiro que nos foi concedido, oferecendo orientação e instrução para a regeneração e a iluminação da consciência.

Nada mais se assemelha à morte do que a própria vida. O Arcano 13 nos indica a direção da vida e nos adverte que nem mesmo a ela devemos nos apegar. Ele representa um apelo profundo ao desapego – do ego, da personalidade, do materialismo e, até mesmo, da vida. “Viva como quem morre; morra como quem vive” — esse é o recado deste arcano. A vida é muito mais do que aquilo que sabemos sobre ela, e vai além de qualquer controle que possamos exercer. Não detemos o seu curso infindável, que percorre os espaços infinitos e atemporais.

Indubitavelmente, a morte não é bem compreendida pela maioria das pessoas, e, por essa razão, ainda permeia o medo nas mentes humanas. Quando se atribui um significado nefasto ao Arcano 13, como o ceifador de vidas, é evidente que devemos levar em consideração os níveis profundos de ignorância e superstições das pessoas. É óbvio que as superstições são filhas da ignorância. Ainda que a morte seja assustadora, ela é talvez a única certeza positiva em nosso plano de evolução no mundo terreno. Creio que existem outras inevitabilidades, porém, não tão implacáveis quanto a morte. Nesse contexto de dúvidas, incertezas e inseguranças que alimentam o medo, apenas o conhecimento pode nos libertar de tais aprisionamentos. Nesse sentido, há um chamado interno que clama pela ascensão da consciência, a qual se alcança por meio do autoconhecimento.

Quem deseja ser iniciado nos mistérios da vida precisa ter fé na existência além do umbral da passagem. Não deve temer a morte física, mas sim estar espiritualmente preparado para agir ao cruzar o umbral da imortalidade. Afinal, a morte física é, na verdade, apenas uma passagem para o futuro. “A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões” – Chico Xavier.

Medite sobre isso, permitindo que seu interior se transforme em um espelho cristalino, refletindo a verdade. Essa verdade não pode ser construída pela dialética do intelecto fabricado; ela se revela apenas por meio da intuição. É preciso ouvir aquela voz que ressoa dentro de nós, embora, muitas vezes, ela seja perturbadora. Trata-se da voz da sombra, que precisa ser iluminada. No entanto, nós, com nossos temores, a rechaçamos e sufocamos aplicando os chamados pensamentos positivos. Contudo, a positividade mental, em sua superficialidade, não transmuta a sombra. É necessário ouvir essa voz, compreender o seu apelo e renovar atitudes. É preciso alcançar uma certa profundidade na mudança e na positividade, encarando a sombra e iluminando-a. Para isso, é indispensável ouvir essa voz e compreender seu significado. Aprendemos que devemos reprimir nossos aspectos mais tenebrosos, mas eles são reais e podem estar determinando nossas atitudes e comportamentos. Quando os reprimimos, acabamos por lhes dar mais força. Somente quando nos pacificamos e escutamos atentamente essa voz obscura da sombra é que podemos transmutá-la em luz.

O Arcano 13, comumente mal compreendido e temido, carrega um significado profundo e libertador – ele nos convida a uma reflexão sobre a perpetuidade da vida e a inevitabilidade da transformação. Ao simbolizar o renascimento e a continuidade em planos diversos, ele nos ensina que a morte é apenas uma passagem, uma oportunidade de evolução e libertação das amarras do egocentrismo. Assim, a jornada espiritual proposta pelo Tarô se apresenta como um caminho de desapego, autoconhecimento e integração com a essência espiritual, onde a vida, em sua imortalidade, transcende as limitações do tempo e do espaço, alcançando a eternidade. O desafio é aceitar este convite com coragem, intuição e fé, superando o medo e abraçando a sabedoria que a transcendência revela.

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