É importante destacar que este artigo não tem a intenção de ser um estudo científico ou psicológico, nem pretende abordar de forma exaustiva ou definitiva o tema proposto para esta fase da jornada. Seu propósito é servir como um guia para orientar o conteúdo que será desenvolvido durante o encontro ao vivo da sexta edição da jornada online, em 2024.
A consciência é tudo o que somos. No plano em que nos manifestamos como seres humanos, com identidade e personalidade, somos o reflexo do nível de consciência em que projetamos nossos pensamentos. Esses pensamentos, por sua vez, são expressões diretas da mente, como o campo da consciência desperta.
Na Estação 15 da Jornada de Autoconhecimento Pelos Caminhos do Tarô, aprofundamos os estudos e reflexões sobre os Arcanos Maiores, interpretados como um roteiro para a regeneração da consciência, que se encontra decaída e aprisionada na matéria. Nesta etapa, abordamos o Arcano 14, tradicionalmente representado pela “Temperança”, que indica a necessidade de moderação e a integração do ser em sua totalidade, incluindo seus corpos e os campos da mente. Nos Arcanos 1, O Mago, e 4, O Imperador, abordamos os Corpos da Personalidade; e no Arcano 7, O Triunfo, Os Sete Corpos e os Níveis de Consciência. Agora, vamos trabalhar a integração desses corpos e estudar e integrar, também, os planos da mente. Por isso, preferimos denominar este Arcano como “A Integração”. Essa fase crucial, que simboliza o trabalho efetivo de regeneração da consciência ao longo da jornada, abrange os seguintes Arcanos: A Força Interior (11), A Resignação (12), A Imortalidade (13), A Integração (14), A Paixão (15), A Desilusão (16), A Esperança (17), O Crepúsculo (18) e A Completude (19).
Temperança é uma virtude que se refere ao controle e à moderação dos desejos e apetites, especialmente aqueles relacionados ao prazer e às paixões. Em um contexto mais amplo, temperança implica a capacidade de exercer autocontrole e equilíbrio em vários aspectos da vida, evitando excessos e comportamentos impulsivos.
O Arcano 14, A Temperança, nos remete, em nossa jornada, aos trabalhos de integração daquilo que estudamos na primeira etapa da jornada, entre os Arcanos 1 e 9. Assim sendo, nossos estudos e reflexões em toda esta etapa, que vai do Arcano 11 ao 19 e corresponde aos processos regenerativos, englobam grande parte da prática e da efetividade, momento em que promovemos as transformações. Com a base do entendimento adquirido na primeira etapa da jornada, agora podemos, efetivamente, transmutar a consciência, renovar atitudes e mudar comportamentos.
Vamos focar nossos trabalhos na integração dos corpos e dos planos da mente. Com relação aos corpos, não iremos repetir aqui o que já estudamos anteriormente. Por isso, recomendamos acessar os textos dos Arcanos 1 (O Mago), 4 (O Imperador) e 7 (O Triunfo), nos quais esse tema já foi abordado. Nosso foco estará na mente e seus planos, considerando que uma mente desintegrada e dispersa não é capaz de gerar o campo necessário para a atuação e a transmutação da consciência. Usamos o termo transmutação em vez de transformação ao nos referirmos à mente e à consciência, considerando que é necessária uma mudança mais profunda e essencial, que envolva a própria essência e natureza da mente.
No estudo dos planos da mente e sua integração, tomamos como referência o livro “Trabalho Espiritual Com a Mente”, de Trigueirinho, Ed. Pensamento. Utilizaremos alguns parágrafos selecionados, que serão brevemente comentados aqui. Posteriormente, esse conteúdo será aprofundado durante o encontro ao vivo na Estação 15.
Introdução ao Estudo da Mente
“Embora a mente já esteja desperta na maioria das pessoas, a humanidade em geral ainda responde preponderantemente a estímulos de natureza instintiva ou emocional.” Somos, ainda, seres reagentes na maior parte de nossas respostas aos estímulos recebidos. Como já mencionamos em nossos encontros anteriores, estamos mais próximos do animal do que do anjo. Nossas atitudes e comportamentos, quase sempre reativos e de natureza instintiva ou emocional, refletem essa natureza animal. Abordamos esse tema no Arcano 11, onde exploramos nossas três naturezas – animal, humana e espiritual. Precisamos nos humanizar antes de alcançar a espiritualidade, e isso implica integrar os dois planos da mente – a mente material e a mente espiritual, bem como compreender seus sub planos.
“O nível mental é um campo de serviço que a humanidade precisa explorar com mais profundidade.” Todo pensamento reflete um horizonte de criação possível. Ao manifestarmos um pensamento associado a uma emoção ou sentimento, plasmamos uma imagem mental, ou forma-pensamento, no campo da consciência cósmica, que pode se materializar pela agregação dos elementos necessários para isso acontecer. Dizemos que tudo se cria na mente; no entanto, surge a pergunta: quem é o criador, o agregador dos elementos mentais responsáveis pela manifestação dos pensamentos no plano material?
“O lado material da mente – também chamado aqui de consciente esquerdo – lida com os níveis mentais concretos, voltados para o mundo exterior. Já o lado espiritual da mente, ou consciente direito, abarca os níveis intuitivos, voltados para o mundo interno. Só com os dois lados em atividade conjunta e harmônica é possível alcançar uma percepção mais real da existência.” A separação entre os mundos interno e externo, ou a percepção limitada apenas ao mundo externo, pode ser a causa de muitos conflitos internos no ser humano, os quais acabam se exteriorizando. Isso ocorre porque a mente concreta está superexcitada, enquanto a mente intuitiva, espiritual, permanece adormecida na inconsciência. A origem desses conflitos muitas vezes reside na projeção, para o exterior, dos clamores internos, transferindo-se a responsabilidade sempre aos outros. Essa situação é fruto da falta de conhecimento dos mecanismos da existência e da ausência de atenção aos planos internos.
“A instrução interna emerge dos níveis profundos do ser à medida que a mente silencia.” Não é preciso muita observação para perceber o quão conturbada, conflitante, barulhenta e descontrolada é nossa atividade mental. Milhares de pensamentos se cruzam, arrastando consigo a energia de outros pensamentos da mente coletiva, alinhados ao mesmo padrão e nível de consciência. Toda essa confusão transforma o ser humano em um joguete das forças involutivas, que o aprisionam em comportamentos condicionados pela sugestibilidade de influenciadores. Esses influenciadores, por sua vez, estão sob domínio dos “senhores” que detêm o poder nos diversos campos do mundo, assim como de seres de outras dimensões interessados no atraso evolutivo da humanidade. Para ordenar toda essa confusão e gerar pensamentos genuínos, é necessário promover uma higienização mental, que começa pelo silêncio interno.
A Mente Concreta
“Pensar é uma atividade que, na maior parte da humanidade, fixa a mente em coisas concretas, externas e visíveis.” Os pensamentos da maioria dos seres humanos ainda são reflexos das sensações provocadas por agentes externos que ativam emoções, e essas emoções dão o “colorido” aos pensamentos. Trata-se, portanto, de um pensar coletivo, reflexo das reações geradas pelos contatos entre as pessoas. Uma sensação agradável repercute em pensamentos positivos e até altruístas; já uma sensação desagradável provoca uma reação emocional instintiva, conferindo um colorido acinzentado aos pensamentos, que se tornam negativos e egoístas. Nesse estado, a mente permanece completamente dispersa.
“Entretanto, para conseguir concentrar-se, não basta simplesmente querer, nem mesmo fazer exercícios sistemáticos. A concentração só ocorre de fato quando a pessoa renuncia àquilo que a atrai, agrada ou contenta e se volta prioritariamente para a busca espiritual.” Há muitas práticas sendo ensinadas como formas de concentração mental, geralmente com foco definido em objetivos egóicos, mas que não resolvem o problema da dispersão mental. Enquanto o ser humano estiver envolvido com os interesses em objetos externos e atraído por eles, essa concentração será apenas uma maneira de direcionar a atenção de forma mais focada nesses mesmos objetos. A concentração mental efetiva só é possível quando há uma integração de todos os planos da mente.
A Mente Intelectual
“A mente não é apenas uma fábrica de pensamentos inúteis e concretos engendrados pelos estímulos sensoriais. Ela também possui um aspecto que consegue se separar dos movimentos e sensações dos corpos, daquilo que é percebido pelos sentidos, permitindo observar tanto as coisas físicas quanto o próprio pensamento ao mesmo tempo. Esse lado da mente pode ser chamado de intelecto. No entanto, nem todas as pessoas o têm desenvolvido.” Em geral, o intelecto também tem sido corrompido, assim como a própria consciência em muitas pessoas, devido ao seu uso inadequado e à formação e educação que o confundem com a inteligência. A inteligência é suprema, enquanto o intelecto é um plano da mente em que ela se manifesta. Por isso, é importante dar a devida atenção a esse aspecto da mente, promovendo a elevação da consciência. O intelecto, como parte da mente, também precisa ser educado para se desenvolver adequadamente; caso contrário, tende a permanecer estagnado ou até mesmo a atrofiar-se. Quando isso ocorre, ele regride e acaba se integrando à mente concreta.
A Mente Psíquica
“Existe uma parte da mente, denominada mente psíquica, que não apenas percebe as indicações da alma, mas também responde a elas. É essa parte da mente que capta as ideias superiores, provenientes de níveis muito mais profundos do ser.” Esse plano da mente também pode ser entendido como o plano da alma, onde se estabelecem as conexões espirituais. Trata-se do nível mais sutil da mente material.
Da Mente Material Para a Espiritual
“À medida que o indivíduo utiliza a mente concreta, a intelectual e a psíquica como instrumento e não mais se subordina a elas, esses três lados da mente começam a se unir, a se harmonizar e se fundem em um pequeno núcleo com as melhores vibrações de cada um. Assim, o lado material da mente vai ficando mais receptivo aos impulsos superiores.
Ao se processar essa união na mente, as características do seu lado material vão-se atenuando. As vozes da crítica, da discriminação, dos julgamentos, dos preconceitos, das preocupações, dos raciocínios vão-se calando.
Quando a mente já está num relativo silêncio e mais ou menos limpa de negatividade é que o indivíduo sente o impulso para mergulhar naquela parte dela que não conhece ainda, mas sabe que existe.
Aos poucos a mente descobre os seus limites e reconhece a existência de um núcleo mais profundo, que começa a atrair a consciência. Até aqui a mente soube dessa existência teoricamente. Mas agora começa de fato a perceber que existe algo maior vivendo em seu interior.
Essa parte da mente que começa a perceber um núcleo mais profundo dentro de si mesma e que diz: “Sei que aquilo sou eu” é a mente espiritual ou lado espiritual da mente.”
O Lado Espiritual da Mente
“O lado espiritual da mente começa a emergir quando o silêncio vai se instalando na mente material. Percebe-se, então, que o lado espiritual da mente – ainda desconhecido – se relaciona com a natureza, objetos, animais, pessoas, conceitos e com o mundo, enfim, de uma forma bem diferente daquela do lado material.” É importante ressaltar que essa parte ou lado da mente ainda é pouco conhecido e quase nada desenvolvido. Apenas alguns poucos indivíduos o conhecem e o têm desenvolvido, embora o autor afirme que ele permanece desconhecido. O lado espiritual da mente abrange a mente espiritual, a mente abstrata e o intelecto superior.
A Mente Espiritual
“A mente espiritual ensina, pouco a pouco, ao lado material uma nova forma de se relacionar com tudo. Gradualmente, ocorre uma liberação da lógica, da discriminação e da razão humana mental. Todos esses aspectos continuam a existir e exercem suas funções quando necessário, mas já não se é mais dominado por eles.” A mente espiritual é o primeiro plano intuitivo da mente. Nesse nível, a razão passa a obedecer à intuição, organizando logicamente, na mente concreta, os lampejos intuitivos recebidos dos planos superiores da mente. A mente espiritual, portanto, é intuitiva, e sua linguagem não é verbal – ela se comunica por meio de sensações internas e imagens.
A Mente Abstrata
“Embora a mente abstrata seja ainda mente e faça parte do corpo mental, ali não há possibilidade de influências externa, concreta, intelectual e psíquica, pois a energia da mente abstrata dissolve o lado material da mente como se o submetesse a uma potente corrente elétrica que o levasse a se fundir.”
O Intelecto Superior
“Quando a pessoa começa a captar de forma contínua o propósito do alto, o impulso da mônada ou da Hierarquia, é porque está desenvolvendo seu intelecto superior. A próxima etapa é aprender a irradiar para o nível concreto o que captou em nível superior.”
O lado abstrato da mente e o intelecto superior, dois aspectos elevados da mente espiritual, ainda são para nós inatingíveis, creio eu, ou, pelo menos, não temos condições de explicá-los devido à falta de experiências suficientes nesses campos da mente. Por isso, preferimos ir apenas até onde temos algum conhecimento embasado em vivências concretas. Para nosso proveito, consideremos a mente espiritual como o plano da mente intuitiva, dentro das possibilidades e experiências que temos até agora.
Como vimos, o desenvolvimento da mente ocorre em várias etapas. De acordo com a abordagem acima, a constituição da mente seria, portanto, a seguinte:
A MENTE | |
LADO MATERIAL (Consciente Esquerdo) | LADO ESPIRITUAL (Consciente Direito) |
Mente Psíquica | Intelecto Superior |
Mente Intelectual | Mente Abstrata |
Mente Concreta | Mente Espiritual |
A Construção da Ponte Entre o Coração e o Cérebro
“A mente comum não tem acesso à vida interna. O mental coletivo da humanidade hoje é um campo de atrito e de conflito, onde as forças involutivas estão soltas.” Se observarmos a realidade atual, percebemos um vertiginoso decaimento intelectual na qualidade dos pensamentos, das atitudes e dos comportamentos humanos. Isso se reflete drasticamente nas artes e na comunicação, que são expressões da qualidade intelectual e do grau de inteligência do ser humano. Não é necessário andar muito para constatar isso; nem mesmo é preciso sair de casa. Basta acessar a internet e dar uma olhada nas redes sociais para perceber todo esse declínio.
A integração dos planos da mente, sua fusão em uma só mente, ainda requer muito trabalho interno. No entanto, se ao menos conseguirmos integrar as partes da mente concreta e alcançar algum avanço na mente espiritual, por meio do desenvolvimento do quarto corpo, o corpo causal, nossa intuição será plenamente despertada. Assim, poderemos começar a silenciar a turbulência dos pensamentos e receber inspirações superiores.
Esse será um passo importante na direção da compreensão e, possivelmente, no desenvolvimento dos planos superiores da mente espiritual, permitindo a integração completa das duas mentes – a mente material e a mente espiritual. Para que isso se torne possível, o trabalho interno deve ser inicialmente focado na integração do cérebro com o coração. Quando pensamento e sentimento estão integrados, geram a paz necessária para o silêncio da mente.