É importante destacar que este artigo não tem a intenção de ser um estudo científico ou psicológico, nem pretende abordar de forma exaustiva ou definitiva o tema proposto para esta fase da jornada. Seu propósito é servir como um guia para orientar o conteúdo que será desenvolvido durante o encontro ao vivo da sexta edição da jornada online, em 2024.
Justo é aquele que consegue se colocar em igualdade com os outros; ético é aquele que é capaz de ser justo sem depender de regras externas ou da própria justiça. O bem é aquilo que respeita e preserva a integridade do outro; não interfere em seu livre-arbítrio, mas contribui para o seu crescimento. Somente quem é capaz de sentir o próprio coração pode realmente sentir o coração dos outros e se tornar justo.
Nenhum ser humano é capaz de transmitir a ética ao outro. Pode oferecer as regras da moral, mas não a ética em si. A ética é uma conquista que surge pela abertura do espaço interno, onde se cultiva a compreensão e o acolhimento do outro como parte integrante do próprio ser cósmico. Nesse ambiente interno de compreensão, desponta, no horizonte de uma nova consciência em seu quarto nível intuitivo, no quarto corpo, a percepção da ética como o único caminho para a plena autoconsciência.
A experiência humana é uma longa e árdua jornada rumo ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades espirituais, fundamentadas no bem e na ética. Esse processo vai além do simples aprimoramento de atributos como inteligência e intelecto; ele implica, acima de tudo, na construção do próprio ser orientado pelo modelo mais elevado que guia a lógica de nossa evolução espiritual, trilhando um longo e árduo caminho de autoconhecimento.
Nossa percepção de justiça, no entanto, ainda é fundamentada principalmente na defesa de direitos, e não na verdadeira equanimidade. A justiça humana é uma imitação imperfeita e, por vezes, distorcida da justiça universal, que compreendemos como divina e que se manifesta na igualdade de todos perante direitos, deveres e a responsabilidade pela vida, pelo amor e pela luz que cada um recebeu do Criador de tudo. Nos tribunais humanos, munidos de argumentos sólidos e assistidos por advogados, defendemos nossos direitos sem considerar que a outra parte também os possui. Embora o julgamento se baseie nas leis humanas – imperfeitas em muitos aspectos – o resultado, muitas vezes, é injusto. Uma justiça parcial não é justiça verdadeira. Não há como dissociar justiça de ética, pois, além das leis humanas, existe uma consciência que tudo vê e percebe sem máculas.
Três preceitos são fundamentais na justiça, vistos como atributos do oitavo arcano do Tarô:
O carma, resultado da lei de causa e efeito, à qual todos estamos sujeitos, reflete as consequências de nossas escolhas e ações; a balança simboliza o equilíbrio e a imparcialidade no julgamento; a espada representa a execução justa da lei, livre de qualquer desejo de vingança. Além disso, a espada nos lembra da necessidade de lutar pela justiça com firmeza e integridade.
A balança simboliza o equilíbrio e a equanimidade no julgamento, enquanto a espada adverte que toda ilicitude será julgada e receberá sua devida pena. No entanto, a justiça não deve se transformar em vingança, e a espada não deve ser usada para retirar do condenado suas possibilidades e oportunidades de regeneração — tanto no contexto da justiça humana quanto no da justiça universal. Mas essa não é a questão principal aqui; nosso foco é entender o que é justo para o ser humano, segundo o princípio ético fundamentado na máxima: “Ama o teu próximo como ele é tu mesmo.” Aplicando esse princípio, que ser humano causaria mal ao seu semelhante ou agiria injustamente com ele?
A ética é a conquista daquele que encontrou o caminho espiritual e se dedica a permanecer nele com firmeza, buscando alcançar a plenitude da sabedoria. Não há justiça sem ética, e não há ética sem justiça.
Na Estação 9 da Jornada de Autoconhecimento Pelos Caminhos do Tarô, exploraremos o plano traçado para a nossa evolução espiritual consciente. Esses estudos e reflexões ocorrem em conjunto com os Arcanos A Justiça e O Eremita.
O Arcano 8, a Justiça, simboliza o equilíbrio harmonioso entre o espiritual e o material, convidando-nos a transcender os apegos do egocentrismo e a nos posicionarmos no centro da cruz, que representa, em seu braço horizontal, nossa jornada e evolução no plano material, enquanto o braço vertical indica nossa ascensão espiritual. Nesse ponto central, a consciência observa e pratica o discernimento, percebendo com clareza o caminho da verdadeira justiça e da sabedoria. O caminho do autoconhecimento em busca da sabedoria é longo; há muitas etapas a serem percorridas e muitos obstáculos a serem removidos das sombras do nosso passado. No entanto, há uma luz dentro de nós, uma centelha espiritual que nos guia por esse caminho através dos diversos sentidos da alma, especialmente a intuição. A todos foi dado um roteiro, que está na alma; precisamos apenas encontrá-lo e decifrá-lo para, então, acelerar o passo em direção ao nosso destino maior — a iluminação da consciência.