Consciência Espiritual

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“Comece a sua vida espiritual por compreender que todos os conflitos devem ser apaziguados dentro da sua consciência. Nunca existe um conflito com uma pessoa ou condição, e sim com o falso conceito mentalmente mantido acerca de uma pessoa, coisa, circunstância ou condição. Por isso, faça a correção dentro de você mesmo, no lugar de tentar mudar alguém ou algo externo”. –Joel S. Goldsmith – O Caminho Infinito.

Penetrar o mistério da vida é uma aventura maravilhosa que nos remete a descobrir quem somos. Não há quem já não tenha se perguntado em algum momento sobre a vida e seus mistérios, sobre a nossa origem e destinação, e nossa identidade espiritual. Somos consciência espiritual evoluindo, ou acreditamos em algo semelhante, e podemos estar cientes disso ou não.

Cremos em Deus, mas o tememos; acreditamos na vida, mas temos medo da morte. É no mistério de vida e morte que se revela a subida da consciência. Estamos nascendo e morrendo constantemente. Vivemos abraçados com a morte. Milhares de nossas células e de micro-seres dentro de nós nascem e morrem todos os dias. Nosso corpo se renova periodicamente, do nascimento até a morte. Quem você era a um instante passado já não é mais; só resta a memória de quem você foi e do que realizou registrado em sua alma. Daqui a um instante você será outro que talvez nem imagine, porque não sabe que acontecimentos marcarão a sua experiência. A vida corre fluindo da fonte, e através de nós e de toda a natureza ela se torna real. Somos a vida acontecendo e a vida é Deus se manifestando no mundo.

Sabemos disso, mas e agora? Podemos ter alguma certeza? Por que vivemos de modo sempre igual, repetindo as mesmas experiências, atraindo os mesmos eventos, sofrendo as mesmas dores e doenças, repetindo padrões e hábitos?

Talvez a resposta seja bem simples: porque estamos a maior parte do tempo inconscientes de nossas atitudes, ações e escolhas. Estamos a maior parte do tempo conscientes apenas de nossas necessidades básicas, das coisas mais simples, como onde vamos morar, o que vamos comer, vestir; com quem iremos nos casar, a família, o trabalho e outras coisas do nosso cotidiano. Pouco nos aprofundamos nas questões mais complexas da vida para extrair respostas que a nossa alma solicita. Estamos ainda pouco cientes de nossa essência espiritual. Talvez ainda não nos interessamos por questões mais complexas como o autoconhecimento, e abafamos nossas inquietações internas com algum tipo de fuga sempre. A sociedade nos oferece soluções mais brandas, como soníferos, energéticos, brinquedos eletrônicos e muito barulho para nos distrair e nos manter sedados e não pensar. O ser humano vive sofrendo, e só existem duas maneiras de escapar do sofrimento - a primeira é através da meditação, que o torna desperto; a segunda pelo sono, que o deixa ainda mais inconsciente.

A complexidade do mistério que nos cerca nos leva a buscar saídas mais simples, que seja compreensível ao nível de nossa percepção. Isso nos leva a reduzir toda essa complexidade do mistério da vida a uma simples “coisa” que caiba em nossas mãos, em nossa mente, que sejamos capazes de lidar. Uma resposta simples para questões complexas nos conforta e nos dá confiança para seguir adiante. É assim que muitas religiões encontraram um modo de confortar a multidão humana. Ou talvez para esconder a complexidade dos mistérios da vida e do cosmos, e ressaltar os aspectos temerários de um Deus assustador que ameaça e castiga quem não lhe obedece e sai da linha. Nesse caso entenda quem não obedece à classe sacerdotal. A ovelha que se desgarra do rebanho talvez seja aquela que descobre a beleza do mistério e vai explorá-lo, mas ela é vista pelo rebanho como uma que se perdeu. É preciso perder-se para encontrar Deus. “Nem todo aquele que diz: “Senhor, Senhor!” entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. A vida é uma oportunidade, e se não a explorarmos, se não desvendarmos seus mistérios, permaneceremos estagnados como no rebanho andando em redor do pasto, sem perspectivas. Aqueles que buscam certamente encontrarão, mas aqueles que permanecerem no rebanho esperando a salvação que vem de fora nada encontrarão, nem a Deus.

O ser humano é uma miniatura do Universo e sonha com a exploração do Universo, mas se puder compreender a si terá compreendido toda a existência. O ser interior precisa ser buscado e iluminado. A viagem é para dentro de si. A ovelha desgarrada não representa o homem que foge da espiritualidade, mas aquele que vai ao encontro de si mesmo, que se perde e cai no mistério e encontra Deus nas profundezas de seu ser. Representa o ser mais corajoso, que abandona a segurança da sociedade para adentrar o mistério do imprevisível, o mistério da vida, para encontrar Deus. Autoconhecimento não é um conhecimento que se adquire nas universidades ou através dos livros, não é informação, é uma jornada para dentro do mistério que cerca a existência. É uma experiência e uma possibilidade de contato com a essência que mantém a vida dentro de nós, nas profundezas de nosso ser. Nessa jornada não há partida sem explorar a consciência, começando pela consciência do próprio corpo, para alcançar a alma que carrega parte do mistério, e despertar na consciência espiritual. São muitas camadas até alcançar o centro, e precisam ser exploradas passo a passo, sem deixar etapas inacabadas. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim” quer dizer simplesmente que ninguém alcança Deus senão por si mesmo, explorando o mistério adentrando a escuridão do inconsciente até a sua iluminação total; tem um significado diferente da interpretação que aprendemos em algumas religiões. Jesus não se refere a si, mas à consciência interior, à essência espiritual do homem. Eu Sou é único, não pode ser outra coisa senão a profundidade da consciência espiritual. Só entrando no mistério da existência através da sua consciência é que você encontrará o caminho, a verdade e a vida.

Luìz Trevizani - 03/02/2011