Moral e Ética

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A moral é formada por um conjunto de regras, leis ou dogmas para educação do ser humano. Ela é necessária para contenção da sua brutalidade enquanto ele não alcançar o nível da consciência ética/espiritual e perceber por si só os limites que deve respeitar, e a sua responsabilidade sobre os seus atos e as suas repercussões sobre a humanidade toda.

Ela forma o conjunto do espectro religioso que norteia a sua conduta ética dentro da sociedade, ensinando-lhe a respeitar e amar o seu próximo. Com a ampliação da consciência a moral deixa de ser contentora e se transforma numa ética responsável, incorporada e refletida, da qual partem todos os princípios que norteiam a vida do ser humano, não mais por força de lei, mas já por determinação e vontade próprias.

A moral é do mundo, da vida humana e é temporária, porque muda e evolui com o avanço do progresso da humanidade e com a conscientização. Porém, ela pode se tornar moralidade, quando aplicada para camuflar e ocultar falcatruas, traições e infidelidades. Todo moralista tende a torna-se, em algum grau, autoritário e manipulador, porque é uma maneira de manter um status sustentado na aparência externa e esconder a sua fraqueza interior. O moralismo se encontra impregnado nas religiões, por líderes e sacerdotes que tendem a exagerar nos valores de seus dogmas; na política, por líderes populistas que se apresentam como grandes benfeitores do povo; na família, geralmente por homens autoritários com esposa e filhos.

Mas não é só nesses casos, em quase todos os agrupamentos humanos surge algum moralista tentando enquadrar os participantes num sistema à força de pressão moral.

A ética é da consciência espiritual, e se desenvolve na medida em que essa consciência ganha qualidades cada vez mais superiores. O ser ético não precisa esperar pela ação da lei para cumprir as suas obrigações, respeitar os direitos alheios e as regras e normas da sociedade. Não precisa de presença da autoridade para ser honesto e ecológico, e sabe por conscientização o que pode e o que não deve fazer.

Por todas as razões que se possa imaginar, na presença de sua consciência, cada ser humano torna-se responsável pelo seu semelhante, pelo ambiente em que vive e pela ecologia global, e não escapa dessa responsabilidade por nada que queira justificar. Plantar e colher são dois aspectos refletidos em vida e morte, ação e reação, causa e efeito. Todo movimento pendular retorna ao seu ponto de partida, e modifica a ambos, ponto de partida e ponto final, até alcançar o repouso. Toda ação tem correspondente reação.

O plantio é livre, porém a colheita é sempre obrigatória. Essa é a lei, a moral que educa pela força do retorno. Mas quando a consciência aprende a se tornar ciente o ser humano antecipa a qualidade do retorno através de atitudes pensadas e refletidas na extensão que elas podem alcançar e nos resultados que possam produzir – a ética. A moral vem de fora; a ética surge de dentro, da consciência.

Luìz Trevizani - 30/08/2011