A Auto-observação e o Bom Senso

É importante desenvolver a auto-observação, e assim entender o sentimento que desperta em nós quando nos relacionamos com os outros. Simpatia ou antipatia, admiração ou inveja, dentre tantas possibilidades, aportam das instâncias da alma informando qual atitude será melhor adequada para cada ocasião.
No entanto, o julgamento precipitado da atitude do outro, sem uma auto-observação mais atenta, para entender o sentimento despertado em nós, pode nos levar a criar embaraços, ou a cair nas armadilhas ardilosamente preparadas pelo interesseiro, ou a repelir o outro quando apenas o estamos invejando pelo seu sucesso ante uma frustração nossa. Dentre tantas outras possibilidades.
Todo julgamento precipitado é reação instintiva, que repercute do condicionamento emocional programado para defesa contra o medo. É comportamento primário, aprendido por repetição de causa e efeito, quando éramos transitantes pelas primeiras experiências em um mundo hostil.
Em vez de se comparar aos outros e julgar que são eles que estão errados, que são eles melhores ou piores que você, que são eles os culpados pelas suas frustrações e fracassos, que são eles a causa de seus conflitos, desenvolva a auto-observação a partir daquilo que percebe neles, pois o que eles despertam em seus sentimentos está em você mesmo. Avalie o seu sentimento a partir da auto-observação, atenta e minuciosa, e vai perceber que todo sentimento tem relação com algo em seu interior espelhado no outro.
A alma é o aparelhamento sensório do espírito que nos orienta com segurança na vida. Quando a alma avisa é porque percebeu algo, e é prudente acatar o aviso e assumir a atitude mais adequada para a ocasião.
Porém, com a prática constante do julgamento exterior, apontando para os outros quando o sentimento aponta para si próprio, foi sendo deturpada a capacidade do ser humano de se auto-observar e avaliar corretamente o que a alma está querendo lhe dizer.
O senso do discernimento, em observação aos demais sensos que afloram na alma prepara o terreno da razão. E a razão é a capacidade de julgar pelo senso de justiça, tratando com equidade as partes envolvidas no julgamento sejam elas pessoas ou sentimentos.
Quando a emoção e o pensamento amadurecem na razão, prevalece o bom senso. A auto-observação desperta a autoconsciência tornando possível a auto-iluminação.
Luìz Trevizani