Autoobservação Para o Autoconhecimento

Deixe o movimento acontecer; permita que o corpo se expresse livremente, sem interferências. Observe atentamente como ele possui seu próprio instinto, uma sabedoria inata que garante a sobrevivência e o bem-estar do espírito que nele habita.

 

O instinto pertence ao corpo, é uma força primal que nos guia em questões de sobrevivência e resposta aos estímulos externos. Por outro lado, a inteligência é uma qualidade do espírito, uma força que busca compreender, refletir e transcender.

 

Enquanto você se entrega ao movimento, observe como as sensações surgem no corpo. Tente identificar sua origem: são sensações puramente físicas, frutos do corpo? Ou estão ligadas às emoções, sentimentos, pensamentos, ou talvez à intuição, que sussurra verdades sutis?

 

Reconheça as Suas Três Naturezas

 

Animal – Representa nossos instintos e paixões, a parte de nós que busca a sobrevivência, o prazer e a reprodução. Aqui, o corpo responde de forma imediata e impulsiva às necessidades e desejos básicos. Localizado na região pélvica, na parte inferior do corpo, encontra-se o centro responsável pelo movimento.

 

Humano – É a dimensão onde habitam os valores e virtudes, a parte de nós que busca significado, ética e equilíbrio. Nessa esfera, o ser humano desenvolve a capacidade de escolher e agir com consciência, guiado por princípios e ideais. Posicionado no centro do corpo, o coração simboliza o caminho da humanização do ser humano; é o núcleo dos sentimentos.

 

Espiritual – Neste nível, a intuição e a inteligência se manifestam, conectando-nos com algo maior do que nós mesmos. A intuição nos guia com uma sabedoria silenciosa, enquanto a inteligência espiritual nos permite ver além das aparências, buscando a verdade última. Na cabeça, encontra-se o centro da inteligência e do pensamento, a sede da consciência espiritual.

 

Ao reconhecer e harmonizar essas três naturezas, você pode alcançar uma integração profunda entre corpo, mente e espírito, vivendo de forma plena e consciente.

 

A Permanente Busca da Felicidade

 

A felicidade é uma substância que todos desejam, uma essência universalmente almejada. Ser feliz, no entanto, é uma escolha que poucos conseguem fazer, pois requer mais do que simplesmente desejar; exige consciência, ação e aceitação.

 

Por que, então, buscamos tanto a felicidade e, ainda assim, ela parece escapar de nossas mãos? A resposta pode estar na natureza da felicidade que perseguimos. A felicidade mundana é efêmera, passageira, assim como as nuvens que se formam no céu e logo se desfazem. Ela se baseia em circunstâncias externas, em desejos momentâneos que, uma vez satisfeitos, deixam apenas um vazio e a necessidade de buscar mais.

 

Esta transitoriedade da felicidade mundana ocorre porque ela depende de fatores que estão fora de nosso controle – eventos, posses, reconhecimentos. Quando nossa felicidade está atrelada ao que é externo e impermanente, ela inevitavelmente se dissipa, como as nuvens que se movem com o vento.

 

A verdadeira felicidade, por outro lado, não é uma substância que podemos obter ou perder; é um estado interior, uma escolha que se faz independente das circunstâncias externas. Ela nasce da aceitação do presente, da gratidão, e da compreensão de que a vida, com todas as suas imperfeições, já é completa em si mesma.

 

A questão não é tanto por que queremos a felicidade e não a alcançamos, mas sim: onde estamos buscando por ela? Se a buscamos nas coisas que passam, então ela passará com elas. Mas se a encontramos dentro de nós, no equilíbrio entre nossas três naturezas – animal, humana, e espiritual – então essa felicidade será duradoura e inabalável.

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