Número 2

Vimos que a criação ordenada na forma de Atam, o número 1 completo, surgiu a partir da pré-criação, o estado caótico de Nun, o nada (o Zero). Vimos como um estado do ser se desenvolveu para o próximo estado, e como dois estágios consecutivos são imagens um do outro – Nun (zero) e Atam (1) são imagens um do outro.

O 0 (zero) não significa o nada real, ele é o nada simbólico no sentido de conter em si o princípio inativo de todos os números; o número 1 significa todos os números, mas ainda em sua manifestação primordial como o ponto inicial da criação.

A primeira coisa que se desenvolveu a partir da unidade do 1 completo foi a força da razão ativa, surgindo o número 2, pela repetição – 1 + 1. A capacidade de conceber, tanto mental quanto fisicamente, naturalmente representado pelo princípio feminino de Isis (2), sendo o próprio lado feminino de Atam (1).

Isis sendo a mente divina ou intelecto divino, ou ainda o princípio intelectual divino, começa a existência da pluralidade, da complexidade e da multiplicidade – o número 2. O número de Isis é o 2, que significa o poder da multiplicidade, o feminino mutável, horizontal, representando a base de tudo.

No pensamento dos Egípcios Antigos, Isis como número 2 é a imagem do primeiro princípio – o intelecto divino. Isis é reconhecida nos textos Egípcios Antigos como Deus-Mãe.

O primeiro passo para começar a criação foi conceber o conceito dos múltiplos para fora do Uno – para fora do 1. Isis, Deus-Mãe, concebeu o plano, metafisica e intelectualmente, em seu coração amoroso. Para os Egípcios Antigos, o coração era considerado um símbolo da percepção intelectual, da consciência e da moral, reconhecido como o Coração Poderoso. Isis, sendo o útero do universo concebe o plano da criação. O número 2, em seu coração/útero, concebe os filhos que nascerão como os números posteriores, iniciando com o 3 representativo da imaginação e criatividade da criança.

Se diz que o número 2 não existe por si só; que ele é o reflexo da unidade. O 1 é o Ser, o 2 é o seu reflexo, por isso é o número da cooperação, do serviço e da diplomacia. Talvez seja um pouco de exagero. Porém, de qualquer maneira que se analise o número 2 ele sempre será curvado para conceber, multiplicar, servir, colaborar, compartilhar e julgar. É o número do intelecto e a fonte da concepção mental, da passividade e receptividade.

Simboliza a dualidade e a união dos opostos, o espírito colaborativo na cooperação e no compartilhamento. O número 2 concebe e organiza a ideia no pensamento com sua percepção intuitiva, unindo os dois hemisférios do cérebro e as duas vias principais da mente – a via racional e a via intuitiva, ou, a mente material e a mente espiritual. O número 2 é ativo na passividade, isto é, ele representa o agir pelo não agir, ação pela razão, pelo discernimento e inteligência. Mas nem sempre se manifestam os resultados objetivamente, porque há uma dependência de um terceiro elemento ativo fecundador que pode ser o número 3.

Na dualidade os opostos não são antagônicos, mas  se complementam. A ideia de que a dualidade do número 2 gera só dúvidas e resultados negativos é equivocada. Um questionamento feito por alguns numerólogos para justificar esse “terror” da dualidade é com relação ao número 4, se ele é o produto da multiplicação de 2 x 2 ou da soma de 2 + 2? A justificativa se baseia na dúvida que se levanta sobre a dualidade do número 2. Certamente isso se deve ao modelo mental impregnado por negatividades e crenças no mal, cuja maioria dos seres humanos ainda cultiva.

É na dualidade, nos contrastes entre os opostos que a consciência desperta. A percepção da luz só é possível porque existe a escuridão, o calor é sentido no seu contraste com o frio, o alto é concebido em contraste com o baixo, o bem é conhecido em contraste com o mal. E tudo isso é bom! Esta visão aterrorizante sobre a dualidade como algo ruim e sobre os opostos serem antagônicos está equivocada. Nós vivemos em uma realidade dual, somos produto da união dos opostos, nascemos da complementariedade dos sexos opostos gerados pela concepção do feminino passivo fecundado pelo masculino ativo, seu oposto. Portanto, a dualidade é uma das maravilhas da natureza!

A força do número 2 está na diplomacia e na persuasão, na visão dual das realidades que lhe permite fazer o melhor discernimento e o julgamento mais equilibrado; esta força nunca acontece pela ação direta ou impositiva. O número 2 representa a dualidade – tudo na existência e na natureza tem pelo menos dois lados, duas versões, dois pontos de vista, duas polaridades, dois sexos. Reflete as duas faces das coisas que se complementam, que se manifestam como positivo/negativo, masculino/feminino, yang/yinn.

O 2 é o primeiro número divisível cujo resultado são dois números (1) inteiros; e é o primeiro dentre os números pares, sendo ele mesmo um par de duas coisas. Tudo começa com o número 1, porém, tudo se desenvolve a partir do seu primeiro desdobramento, divisão e multiplicação, como ocorre com divisão/multiplicação das células que formam o novo corpo em gestação.

Ele é também o número da dúvida, da incerteza e da insegurança, não por si mesmo, mas porque representa isso nos humanos.

O número 2 desperta o espírito colaborativo.