O Múltiplos Caminhos do Autoconhecimento

Uma jornada pressupõe a existência de um caminho a ser percorrido. Esse caminho pode ser uma estrada, uma trilha ou, quando se trata de autoconhecimento, um roteiro, uma disciplina ou uma metodologia. No contexto do autoconhecimento, “jornada” e “caminho” são termos aplicados por analogia, indicando que há uma metodologia nos estudos e trabalhos desenvolvidos. Há muitos caminhos para o autoconhecimento, e cada qual serve ao fim a que se propõe o interessado. Nós escolhemos o Tarô como roteiro – mais especificamente, os Arcanos Maiores. E, nessa escolha, optamos por pluralizar os caminhos, entendendo que cada caminhante escolhe e segue o seu próprio, pois trata-se de um caminho interior. Embora os Arcanos Maiores do Tarô forneçam o roteiro, nós individualizamos a jornada, respeitando a liberdade de cada participante de escolher e seguir o seu próprio caminho e se desenvolver no seu próprio ritmo, não obstante os trabalhos sejam desenvolvidos em grupo, com auxílio mútuo.  Daí vem o nome desta jornada: “Pelos Caminhos do Tarô”, e não “Pelo Caminho do Tarô”. O plural indica a perspectiva dos múltiplos caminhos possíveis.

O Tarô, Esse Grande Mistério

O Tarô, com suas múltiplas aplicações, nos oferece inúmeras possibilidades para atender às finalidades que despertam nossos interesses. De modo geral, ele ainda é mais conhecido pelo jogo das cartas, que, a bem da verdade, trata-se apenas de uma dessas inúmeras possibilidades. Nós não descartamos nem desprezamos essas práticas adivinhatórias; elas têm sido exploradas de muitas maneiras e para as finalidades mais diversas, como futurologia, revisão do passado, previsões e, evidentemente, para autoconhecimento através do jogo das cartas – o Tarô como um oráculo. Mas há um fator importante no jogo das cartas: fundamentalmente, ele explora os recantos insondáveis da intuição e auxilia no seu desenvolvimento. Porém, o jogo das cartas é só uma das muitas práticas possíveis e, consequentemente, gera uma grande confusão quando se entende que isso é o Tarô. Esse desvirtuamento não decorre de uma intenção deliberada, mas é fruto da ignorância e do aprisionamento da consciência em estágios primários da evolução humana. O Tarô é muito mais que o jogo das cartas. Nós reconhecemos o seu mistério e nos esforçamos para, através das práticas – seja pelo jogo das cartas, desenvolvendo a intuição, ou seguindo seus arcanos como um roteiro de autorregeneração e autoconhecimento, ou ainda para iniciações espirituais, seguir em busca da sua revelação. Sentimos que os arcanos são mais que desenhos em cartas, com figuras, símbolos, cores e números; eles são arquétipos vivos que podem ser ativados na consciência e vão se revelando na medida em que a mente se expande, abrindo o espaço necessário para receber o conhecimento. “Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento” (O Caibalion).

Com a devida humildade que o assunto requer, ousamos enfatizar que existe algo de grandioso no Tarô. Vemos nele um roteiro traçado para a evolução espiritual da humanidade. Talvez tenha sido um livro que nunca foi escrito, pelo menos nos moldes convencionais – um conjunto de arquétipos ordenados de tal modo que compõem um caminho espiritual. Quando iniciamos a Jornada de Autoconhecimento Pelos Caminhos do Tarô, não havia a menor possibilidade de prever como ela seria no futuro, através das sucessivas edições. Mas agora, já na sétima edição, temos uma visão um pouco mais clara de como esses arquétipos dos Arcanos Maiores moldam um caminho coerente que nos leva na direção do reino interior, da autorrealização. É como se o mistério começasse a se revelar.

Os Arcanos Maiores e Menores e Suas Simbologias

Cada Arcano do Tarô é representado por um número e um conjunto de figuras alegóricas, cores e símbolos. Os números são atemporais e capturam a essência imutável de cada Arcano. Já as figuras, temporais, são desenhadas de acordo com a interpretação de cada autor, resultando em variações quase infinitas de simbolismos e cores. O Tarô é composto por 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores. Os Arcanos Maiores simbolizam a jornada regenerativa da consciência, que está decaída e aprisionada na matéria, limitada pelo tempo e pelo espaço. Por outro lado, os Arcanos Menores, frequentemente vistos como relacionados apenas ao cotidiano, também possuem uma perspectiva esotérica. Alguns círculos esotéricos e escolas de iniciação espiritual acreditam que os Arcanos Menores representam quatro grandes iniciações espirituais. Essas iniciações são complexas, e somente aqueles com um elevado grau de espiritualidade, conhecimento e ética estão preparados para conduzi-las.

Autoconhecimento

Ninguém se conhece por meio da ciência, da filosofia ou da religião isoladamente. Trata-se de um trabalho interno, uma viagem rumo ao núcleo central da consciência. Embora a ciência, a filosofia e a religião sejam fundamentais para a formação do conhecimento básico, é necessário transcender essas estruturas para chegar ao centro. Em outras palavras, sem o trabalho árduo que promova a transmutação mental e uma profunda transformação   interior, e sem o silêncio e a meditação, o despertar da nova consciência torna-se impossível. Aquele que permanece na busca exterior, acumulando conhecimento intelectual, nunca alcançará o profundo de si. O conhecimento intelectual é necessário como base de informação no caminho, mas o apego a ele mantém o buscador estagnado num ponto qualquer da jornada. Para nos tornarmos pessoas verdadeiramente conscientes, precisamos aprender a nos conhecer e a nos transformar. O autoconhecimento é o caminho para alcançarmos níveis mais elevados de inteligência e consciência, permitindo uma compreensão mais profunda de nossos potenciais, da nossa forma de viver e de nos relacionarmos conosco, com os outros e com o mundo, além de nos conectar à nossa essência espiritual primordial.

No entanto, é preciso ter bom discernimento nas escolhas que fazemos, seja de um instrutor, de uma mentoria, de uma escola ou até mesmo dos livros que lemos sobre autoconhecimento. As ofertas são muitas, e os atrativos, quanto mais persuasivos, mais perigosos podem ser, podendo nos levar por caminhos enganosos. A escolha deve ser sempre feita tomando por base informações coerentes e claras sobre a metodologia aplicada pela escola, pelo instrutor ou pela mentoria, e não pelos apelos de marketing, discernindo aquilo que é razoável do que é fantasioso. Uma busca por autoconhecimento é uma busca de si mesmo, um projeto de transformação de vida que pode gerar desvios comprometedores se for mal conduzido. Assim como a criança precisa dos pais para aprender a caminhar e depois anda sozinha com suas próprias pernas, o buscador de si também precisa de um instrutor para se iniciar no caminho, que pode ser um mestre, um terapeuta, um professor, um sacerdote ou alguém que não se autointitule com nenhum desses nomes, mas que já tenha percorrido boa parte do caminho e possua conhecimento dele. Com o andar da jornada, cada um se esforçará para aprender o caminho na medida de sua vontade e, num dado momento, terá que abandonar seus instrutores e seguir solitariamente o seu próprio. Isso pode ocorrer em alguns anos ou até mesmo em algumas encarnações, sendo que cada um saberá quando reuniu forças suficientes para se sustentar e assumir a posse de suas riquezas interiores para, com elas, contribuir na construção de um mundo melhor para toda a humanidade. Então, deixará de ser um buscador e se tornará um iniciado no caminho.

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