VIVA O SEU ANIMAL

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“Quem não vive seu animal vai tratar seu irmão como um animal. Humilha-te e vive teu animal, a fim de que possas ser justo com teu irmão”.

Esta citação consta no Livro Vermelho do Jung, e eu confesso que quando a li fiquei perturbado no primeiro momento. Difícil é entender seu sentido. Podemos extrair dela significados, mas o seu sentido profundo está além dos significados que lhe damos com nossas interpretações.

Apesar disso, senti um impulso interno de escrever algo sobre ela, não com a intenção de explicá-la, mas para que, escrevendo eu mesmo possa ver por entre as minhas próprias palavras talvez um vislumbre do seu sentido profundo (escrever é uma boa maneira de ver os pensamentos). Não vou tentar dar-lhe significados nem a interpretar. Quero apenas encontrar uma direção que indique como me conhecer melhor a partir do que ela sugere.

 

Entendo que o reconhecimento e a aceitação das coisas torna possível reconhecer-lhes seu valor e modificar seus significados quando eles não nos são favoráveis. Tudo me parece ser uma questão de interpretar e dar significados. Portanto, que significado tem o meu animal, para mim?

 

A natureza cresce de baixo para cima; tudo tende a subir. Mesmo as plantas que dão seus frutos embaixo da terra, os tubérculos por exemplo, primeiro crescem para cima, tendem a subir antes de se estender para baixo da terra.

 

Nós viemos dos reinos inferiores e chegamos aonde estamos – agora somos humanos. Mas eu tenho questionado se somos realmente seres humanos humanizados, ou se ainda somos só animais em forma humana?

 

Observando nossos comportamentos, em grande parte movidos por impulsos emocionais, paixões e desejos, nossas lutas por posses e poder e por sobrevivência, me parece que estamos mais para o animal que para o humano propriamente.

 

Se entendermos que somos assim e aceitarmos nossa animalidade podemos transmutá-la em humanidade. Podemos conter nosso animal e agir com ele domesticado para compreender a animalidade do nosso irmão. A nossa animalidade se esconde nas eras da nossa evolução, deixando ainda em nosso organismo as marcas do que fomos – referências principais são os nossos sitemas cerebrais reptiliano e límbico.

 

A natureza não dá saltos na evolução. Estamos a caminho de nos humanizar, e isso é bom. Mas não podemos negar o resto de animal que ainda está em nossa natureza; é preciso transmutar nossa parte inferior pela elevação do nosso nível de consciência. Não devemos lutar contra nosso animal; se lutarmos ele se fortalece, e tanto mais luta mais forte ele se torna.

 

A natureza do animal o impele a lutar pela sobrevivência, a do humano o impele para a compaixão.

 

Só a mansuetude do humano pode humanizar o animal humano.

 

Mas o primeiro ato de compaixão deve ser pelo teu animal, só depois abarcará teu irmão. Não se trata de uma autopiedade, mas do seu animal que não é você, mas está em você. Separa-te dele e observa-o. A identificação inconsciente com ele impede que o reconheças, e não reconhecendo-o ele se torna tu mesmo. Então, teus comportamentos são os dele mesmo expressados em formas comportamentais humanas.

 

Viver o seu animal pode ter significado de reconhecer sua existência e abraçá-lo com amor. Talvez seja isso que os animais estão nos ensinando e nós não lhes estamos dando a devida atenção.

 

Viva o seu animal se quiseres ser justo com seu irmão!

 

E se aprofunde quanto puder no sentido da frase acima em busca de mais significados, pois a compreensão do seu sentido profundo talvez seja impossível.

Espalhe a idéia!

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